08 dezembro 2010

The day after you die

Não raro escutei amigas e conhecidas expor seus planos a respeito do futuro: "Quero ter filho antes dos 30, e dois filhos, dois ou três!", ou "Quero festa de casamento, mesmo sem me vestir de noiva"...

E a real é que a verdade é tão ou mais cruel do que se imagina. E não foi diferente com elas.
Afinal somos filhos do divórcio e das péssimas relações conjugais que muitas vezes superestimavam a maternidade, achando que com ela as coisas poderiam ser menos entediantes.

Não construir uma realidade ideal só me ajudou nesse sentido. Sempre evitei sonhar com a família margarina. Porque nunca conheci uma.

Conquistamos tantas coisas como o direito de fazer terapia, de não se entender, de mudar de idéia, de não saber o que se quer da vida, de morar sozinho, de acabar uma relação que te diminui, de começar do zero depois do fim, de morrer de amores e esquecer no dia seguinte...
E tudo isso, e mais um pouco, para quê? Para ter uma casa com refeições feitas com caldo knorr e tempero arisco? :o

Para quem você quer provar alguma coisa quando baixa as pálpebras e vira a cara pensando: "comigo será diferente".

E talvez seja tão diferente que você nem imagine o resultado final. E essa é a grande jogada de se respirar nesse planeta: ninguém sabe.

Porque um belo dia você acorda de manhã e já tem 30 anos, talvez 40, e por mais independente e sensacional que for a sua vida você ainda vai ter dúvida. Você vai morrer de medo de não conseguir subir mais um degrau. Você vai ter medo de engordar, de ser rejeitado, de acabar sozinho, de perder aquela festa, aquele show, aquele filme no cinema.

E eu te pergunto: e daí?

Portanto, faça planos. Mas não julgue a vida do cara do lado como miserável porque ela não condiz com o protótipo de vida perfeita que você, com toda sua vanguarda, idealizou.

Talvez você não tenha 3 filhos. E se tiver, talvez o primeiro só venha depois dos 30. Talvez você nem case. Mas isso não impede que você conheça uma pessoa legal e se divirta.

E se, por acaso, você tem 24, 25 anos, não subestime a maneira como os mais velhos fazem tudo. Porque talvez você caia na mesma armadilha e tenha que simplesmente viver.