12 maio 2012

pela leveza dos corpos


Reproduzo abaixo o texto de feliz aniversário de Michel Melamed. Ele diz muito. Fala da leveza e da força. Força dessas para erguer o corpo com os dois braços, e leveza para conseguir suportar por mais tempo. 
E prestenção: quando ele fala da leveza de ser sexy, tenha certeza que ele não está falando de canastrices, dessas que faz com que você sinta necessidade de seduzir qualquer ser que se move nas redes sociais ou ao seu redor. Ser sexy não é seduzir constantemente para suprir sua carência, é algo nada intencional, é justamente a leveza de não se importar, esquecer e sem querer, assim, de leve... ser sexy. Porque sex appeal é aquilo que, ou você tem, ou não tem, não se aprende, se nasce. Mas, infelizmente, se perde também.
Ser leve. Ser forte.
Calhou dinventar nalgum monumento da vida que duas palavrinhas resumiam o resumão. Quer dizer, creio que no aniversário da querideza é que desenganei a idéia. Ao invés de um “feliz aniversário” e “tudo de bom” ou “de lindo”, sentenciei meu binômio-guia. Um dos primeiros? “Doçura e força”.
Raro encontrar gente doce e forte. Quer dizer, a doçura tende mormente para certa lassidão, isto é, difícil ver gestos docemente agressivos, brigadeiros de aço, um barquinho de pedra assobiando no mar… Maus exemplos. Outro: quando alguém diz “eu te amo” com quase raiva. Melhor: um carinho sem sorrir. Ao passo que força resvala – ou é resvalada – muitas vezes por incerta brutalidade. Como se o forte aguentasse qualquer coisa – que de fato aguenta, mas aguentar não significa sair incólume.
Depois sobreveio-me “Pragmatismo e mistério”. Lendo agora, parece que pragmatismo é uma variação da “força” e “mistério” uma tatuagem na coxa da doçura. É que pragmatismo pode destituir a “força” daquela preocupação da falta de medida. Pragmatismo me parece certa dosagem da força, o mínimo da Escala Richter. E mistério, bem, mistério não tenho a menor dúvida: …
Mais um ano se passo-ô-ou e nem sequer ouvir falar seu nome… Acreditei ter encontrado a Santa Resposta do Graal Binômico. Então depois do abraço e o presente, latia: “Seja leve e sexy”. Ainda agora acho infalível. Leveza pode reunir tudo: doçura, força, pragmatismo e mistério. E, então, voilá, rebola aí Kasparov: “sexy”.
Porque Rubem Braga avisou que tudo é encantador: o passarinho, o homem no mar, a moça na janela… Não existe nada ordinário no vasto mundo, senão, quiçá, os olhos de quem vê. Assim, nada custa ao passarinho cantar, o homem furar ondas e a moça existir… Dar um empurrãozinho no olhar. Desejar o desejo. “Sexy”.
Hoje estou simplificando a fórmula. Se conseguir rir e entender ou explicar, está de bom tamanho. Toda convicção pode ser defendida com um sorriso e alguma dúvida. Todo mundo quer cafuné. Todo mundo quer querer. Todo mundo tudo. Assim, feliz aniversário. “Bom-humor e inteligência” pra você.