27 outubro 2013

na barriga das outras é refresco ((6 meses))




Por que as mulheres que trabalham e têm vida social têm cada vez menos filhos? Acabo de descobrir.
Muitas estão decidindo inclusive não tê-los.
E aqui estou falando de mulheres que trabalham de verdade, não as que podem escolher dar uma pausa para decidir se voltam ou não à labuta. 

Descobri a verdade. Às malas de plantão devo dizer que amo meu filho. Mas eis o que penso sobre a gravidez:

Não há nada de muito emocionante em ter de se levantar da cama de lado quatro vezes por noite para fazer xixi, em gemer toda vez que você fica em pé e não poder beber um vinho sem culpa no fim do dia.

Ninguém diz, porque vivemos nos tempos mais politicamente corretos insuportáveis dos últimos tempos, mas gravidez é um troço chato.
É mais do que muitas mulheres aguentam, até mesmo as mais animadas com o novo bebê. 
Fora o próprio desconforto físico da gravidez, a atitude das pessoas que cercam uma grávida também muda durante este período. São perguntas e CONSELHOS sem fim e inúmeros comentários sobre o seu corpo.

É o fim do churras com cerveja, da caipirinha à beira mar, dos esportes radicais, dos papos apimentados sobre sexo... Porque conversar com outras mulheres grávidas, com mães, com mulheres que NUNCA tiveram filhos mas sabem TUDO DO ASSUNTO e com mulheres que tem uma família  gigante é um tédio sem fim.

E o pior? Sempre tem aquela mulher que nasceu pra ser mãe do seu lado. Ela, que obviamente não tem vida social, sabe tudo sobre maternidade e faz tudo da maneira politicamente correta que você odeia e ainda não sentiu qualquer incômodo na gravidez porque não bebe, não vai a shows, dificilmente coloca biquini e o ponto alto do seu dia é dentro de algum shopping center da cidade (booooooring!).

EXISTE AMOR NA GRAVIDEZ :)

Claro que é o máximo sentir o bebe mexer e pensar na cumplicidade que aquele serzinho terá com você quando nascer. Ele mais do que ninguém entende o que a sua mãe está passando. Por quê? Porque está no gene. A criatura vai, de um jeito ou de outro, gostar de coisas parecidas com aquilo que você também gosta. Thanks, God! 

Mas a vida moderna que as mulheres conquistaram com o feminismo deixou a maternidade atrelada a um desconforto ainda maior.

Mesmo para quem como eu não teve enjoo ou qualquer mal estar, a gravidez é um pacote mal acomodado no porta-malas. É um sobrepeso com o qual você percebe que não sabe lidar toda vez que precisa sair do carro.
Por mais magra que seja uma gravida, você engorda. E alem do cansaço de estar formando um ser, você carrega quilos extra. Não é à toa que as pessoas mais gordinhas se cansam mais rápido, têm falta de ar e dificuldade de locomoção.

Eu que sempre fiz atividade física e sempre fui ágil, me sinto uma ameba fazendo tudo mais devagar, calculando os passos para não cair e pensando duas vezes antes de sentar em algum lugar, porque sentar significa levantar em algum momento...

Ser mãe é penar no paraíso?
Aham. 
Mas algo me diz que vale o esforço. 




04 outubro 2013

Ela cresce e você desaparece ((5meses))


Onde você vai você carrega a gravidez com você. A faxineira olha e sorri, a recepcionista e o segurança também. Ninguém mais te vê, as pessoas olham pra sua barriga. Você virou uma barriga. Você sorri sem mostrar os dentes, mas na verdade, sente falta quando alguém não faz isso.

Não tenho dúvidas, a gravidez é um dos momentos mais solitários da vida. Uma carência de atenção que nunca existiu aparece, paradoxalmente, junto com uma vontade de sumir, de se recolher com sua cria longe dos olhos curiosos que parecem te despir.

Não tem jeito você agora é uma barriga.