12 março 2012

Sorte?

(essa gravura é do tumblr da Mari Caldas o poeme-se - vale uma visita)

Esse post é um sopro de mini lantejoulas. Porque o anônimo, sempre ele, comentou em tom de elogio em um dos meus últimos escritos sobre a minha facilidade de me libertar.
Não se engane, essa facilidade levou anos, lágrimas, histórias - nem sempre bem contadas.
Mas eis que eu fico leve. Recebo outro texto anônimo - dessa vez por email - com pequenos elogios a essa pessoa que vos escreve. Sugiro aos amigos de verdade, vez que outra, fazerem um email desses a quem assim merecer.
E eu mereço?
Sei não. Mas eu é que não vou entrar no mérito de algo tão doce e sem aparente interesse imediato.
Um email (essa coisa tão antiga) soft. Bem escrito e do tamanho certo, como coisas softs devem ser.

Então, fiquei leve. Parei de rodopiar no mesmo lugar pelo que não precisava de mais energia.
Obviamente que não vou transcrever as palavras. Se não sou capaz de escrever as críticas que recebo, não serão os elogios os eleitos. Mais humildade (dessa que falta ao mundo), por favor!

Adoraria acreditar, no meu íntimo ao menos, que todos os contornos - físicos e psicológicos - fossem verdadeiros.

Escrevo, então, buscando a mesma delicadeza, porque tem uma hora que as brigas internas e externas acabam, e você olha em volta e é fatalmente obrigada a agradecer cada acontecimento.
Relacionamentos são assim mesmo. Ainda que se acabem, deixam filmes inteiros na memória. Talvez nada hollywoodianos. E talvez por isso tão sensacionais. E se nessa vida atraímos espelhos a todo momento, eu tenho muito a agradecer.
Sim, porque todos os amores - namorados ou namorido - que tive, são criaturas incríveis. Sorte?
(Minha mãe adora dizer que abuso da sorte nessa vida)
Sorte porra nenhuma!
Tive caras sensacionais do meu lado, que eu escolhi a dedo, porque eu sou foda pra caralho!
Os términos foram horríveis todos, sofridos, chorosos. Sim, há sangue correndo nas veias.
Mas passa. E fica a amizade, aquele resquício de intimidade (lembra que você fazia isso?) e um amor de verdade. Sim, óbvio. Você ama mesmo uma criatura quando conhece absolutamente tudo o que ela tem de bom ou ruim.
Mas acho que mais que isso, queria agradecer (chega de reclamar), já que a ideia do post é ser fofo, os espelhos que tive. Três caras admiráveis, bons pra caramba no que fazem, que me respeitaram e trataram como rainha e que me ensinaram muito e que, bem, eu também não deixei por menos. Vida é troca. E se você não teve bons espelhos duradouros, melhor olhar pra dentro.

Não fui perfeita pra eles, assim como eles não foram pra mim - continuo acreditando que nos apaixonamos pelos defeitos, e não pelas qualidades de uma pessoa - por isso duraram um bom tempo, todos. Deveria ter durado mais? Não. Duraram o tempo certo.

Tudo isso pra isso mesmo, pra soprar essas mini lantejoulas que mudam de cor conforme vão caindo.
Ou as fitinhas do senhor do bom fim com seus muitos desejos.
poeme-se
Que eu continue leve, como elas (lantejoulas e fitas), e forte.                              poeme-se

04 março 2012

eco de ventilador

Tem como arrumar a sandália sem o vestido subir?

Você dá a cara à tapa e reclama que doeu? Guênta, filha.

Mesmo quando estamos certos de que sim, é isso, esquecemos que depois de sinalizar, não precisamos justificar o retorno na estrada.
Tive tempo de vida suficiente para sacar que preciso zerar tudo, sempre. Não abro mão disso e, mesmo quando abro exceções soltas, leves, dessas que parecem "easy like a sunday morning" e que não vão fazer diferença lá na frente... eu me arrependo.

Então: inspira, expira. Silêncio.
Silêncio de verdade, desses de deixar o celular no silencioso.
Fim com término.
Com divisão de bens, não deixando nada lá atrás.
Nada?
Já tem um chip de memória suficiente que mente a falta de fotos no facebook.
Término com fim.
Com perguntas sem respostas. Com dias que chegam ao final sem confort call.
Sem amizade. Porque amizade vira sexo, mas o inverso precisa de tempo.
Sem compaixão, por favor.

Porque até quando não tem culpa, a mulher se desculpa.
"Desculpa por não ter culpa dessa vez, hein? Logo eu, né? Sempre tão culpada, sempre omitindo o incômodo, sempre entediada, sempre preferindo a solidão a qualquer grupo de pessoas"
Perdão por deixar de te amar, por não querer mais transar, por forçar um sorriso sem graça.
Me perdoe por não aceitar o tédio nas horas vagas.
Me perdoe por sempre querer mais, e diferente, e de outro ângulo, por querer gritar da janela com uma garrafa na mão mesmo quando não é sábado.
Perdão por fazer da minha vida um filme. Perdão por querer correr com lágrimas e sorrisos no rosto ao mesmo tempo.
Como diz Antônia, ter olhar estrangeiro na cidade em que se vive faz bem.

Mas, sim, omiti, menti e fantasiei mais uma vez.
Porque ninguém tem nada a ver com isso. Nenhuma verve jovem teve culpa nisso.
Eu não te amo mais (mais uma vez desculpa) vem junto de um "ninguém, nenhum amor e nenhum sexo foi a causa de tal feito".
Eu não te amo mais vem acompanhado de um "estou entediada de vez".
Sou chata?
Talvez.

Ainda me ama? A distância colore, não se engane. Sou a mesma. A mesma chata de sempre. O relacionamento com minha família se transformou em algo sensacional desde que mudei de estado. Eu também amo mais os amigos quando não os vejo com tanta frequência. Eu me acho mais bonita quando não me olho tanto no espelho.

Tudo isso para dizer, sem culpa, eu não te amo mais porque sim. Ah, como isso dói. Uma dor muda. Ninguém tem nada a ver com isso e, juro, queria muito que alguém tivesse. Sou ariana, sou fogo, vivo de grandes dramas e paixões, senão me perco.

Me perdi. E não estou disposta a abrir mão de arrumar a sandália quando esta me incomodar.

Tem como mudar a sua vida sem se expor?
Continuo achando que não.