27 agosto 2008

eleições, impressões, memórias e vaidades



A primeira vez que vi Marta Suplicy ao vivo foi no VMB 2004 - premiação da música realizada pela MTV Brasil.
Eu acabara de mudar para São Paulo e tudo aqui parecia um tanto mais grandioso que na cidade gaúcha de onde eu viera, inclusive a política e suas personalidades. Eram tempos de eleições como agora.
Marta era prefeita e candidata a reeleição.
Seu principal rival na época era José Serra.
Ele também compareceu ao evento, porém de forma mais tímida: chegou depois, foi embora antes e não cumprimentou nem metade do número de pessoas que cumprimentaram Marta. Aliás, essa parecia uma das grandes estrelas da noite: ela sorria, abanava e lançava beijos para todos os lados.
Deixou claro a imprensa presente que foi ao evento como prefeita e mãe de roqueiro, o cantor Supla, que ficou ao seu lado o tempo inteiro.
José Serra, por sua vez, assumiu ter comparecido como candidato e se confessou um amante da música.
E como nessa festa faltaram eleitores a ele, tanto no palco quanto na platéia, se retirou em um dos intervalos.
Não lembro qual ao certo, talvez tenha sido após a intervenção política do cantor pernambucano Otto, que ao perceber a presença de Marta subiu no palco e gritou: “A periferia está certa, o centro não!”.
Vale lembrar que essa foi uma eleição que polarizou a cidade em regiões de classes sociais, Marta levou a periferia pobre, e Serra, o centro rico e de classe média.
E apesar da então prefeita ter todas as atenções da noite em questão, quem levou a maioria do eleitorado nas eleições de 2004 foi o candidato tucano.
Depois disso, só fui ver Marta novamente em 2006. Dessa vez para entrevistá-la.
Eu era estagiária da TV PUC e estava recolhendo depoimentos de ex-funcionários, ex-alunos, enfim, pessoas que de alguma forma fizeram a história da PUC-SP nos seus 60 anos de vida. Nessa época a ex-prefeita estava lançando sua pré-candidatura a governadora do Estado e parecia recuperada da derrota nas últimas eleições. Entrei em sua sala e percebi que não se vestia de forma pomposa.
Ao contrário, usava calça e casaco de moletom com capuz, tudo cor-de-rosa, o que assegurava a ela um aspecto meigo.
Além disso, Marta era toda sorrisos.
Foi sua assessora, claro, e não ela, quem disse que precisava ser rápida minha conversa com a candidata.
Sorrindo eu garanti ser breve.
Lembro perfeitamente da primeira frase que ela disse quando a cumprimentei:
“Nossa! Como você é magrinha!”
Nesse momento percebi que a entrevistada em questão não se tratava da ex-prefeita ou da futura candidata a governo do estado.
Nem mesmo a despachada sexóloga, que como ministra do turismo sugeriu que o povo relaxasse e gozasse em plena crise aérea, estava ali presente.
Eu estava diante de uma mulher.
Uma mulher loira, com todas as inseguranças que o sexo feminino pode ter e que de burra não tinha nada.
Hoje, ao assistir o telejornal regional, percebo que esse ar sem compromisso com o visual pode se tratar de marketing pessoal.
A “periferia” sente que ela não é intocável.
E a população tem um certo histórico de se deixar encantar com o populismo.
Ou quem sabe, mesmo tendo nascido no Jardim Paulistano, Marta seja a candidata do povo de verdade, daquelas que não dispensa os holofotes de uma premiação com celebridades.



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