20 abril 2011

Minha vida sem inferno astral

Sabe aquela fase do tudo certo, nada resolvido?
Ela dura a vida a toda.
A gente pode casar com o amor da vida; ter um emprego estável; realizar o 'sonho da casa própria'; trabalhar no lugar dos sonhos, que a fase não passa. Não passa. Não passa.

Tem sempre uma goteira para consertar. Uma reforma que não termina. Uma semana que não acaba e o juro do cartão de crédito gritando na fatura que você esqueceu de pagar. Tem sempre um amor não correspondido. Um não amor. Um desamor. Um medo infinito de não ser boa o bastante. E também a dúvida. A insegurança. O espelho.

Num mundo em que a gente finge sofrer por uma coisa quando na verdade está sofrendo por outra, ser feliz é poder escolher entre o comprimido vermelho e o azul, e escolher o vermelho. Não que isso resolva a sua vida. Longe disso. Mas dá uma aliviada dessas que você agradece eternamente.

Talvez por isso eu não tenha tido inferno astral esse ano. E talvez por isso, mesmo na faixa dos 30, eu não me importe muito em fazer mais um aniversário. Ninguém escapa deles. Faz algum tempo que me assumi ser mulher e não menina. Faz algum tempo que eu adoro isso.

Sempre achei que odiava fazer aniversário porque estava ficando velha. Mas acontece que me sinto velha desde os 18 anos, quando comecei a trabalhar como modelo e meninas de 13 anos, secas e com 1 e 80 de altura entravam na agência e pareciam poder pegar todos os trabalhos. Pareciam poder tudo em virtude dos 13 anos que exibiam.

Eu sofria e pensava: "estou velha". Sim, eu tinha 18.

Mas desde que comecei a meditar, e meditar te faz pensar (e pensar aqui entenda por pílula vermelha) percebi a pegadinha que tinha nesse falso sofrimento.
É, meditar é bem como Tainá Müller disse na edição #103 da Tpm. "É encontrar Jesus!"
Eu não sofria porque me sentia velha, sofria porque me sentia rejeitada, gorda e inferior.
Ah, tipo chata, feia e boba? Sim, soa ridículo, mas saiba que não tem nada mais difícil para uma mulher do que assumir se sentir assim.
Vou mais longe e ouso dizer que são esses, tirando os casos de vida ou morte, os únicos 3 motivos responsáveis pela infelicidade das mulheres. E mais, o gorda não tem nada a ver com quanto você pesa. É algo interno, não externo.

Mas é mais simples acreditar que a insatisfação se resume a ficar velha. E como sempre o buraco é mais embaixo.
E isso não é auto-ajuda. Veja bem! Tanto que esses três sentimentos continuam me atormentando vez que outra. A diferença é que hoje eu sei que não importa a idade que se tenha, a sensação é a mesma.
Quer momento de maior tormenta na vida de uma mulher do que a adolescência??? A famosa flor da idade.

Saber o real motivo ajuda você a perder aquela mania idiota de falar: "Eu era feliz e não sabia...".
Mentira! Você não era feliz porra nenhuma.

Pode acreditar, saber o real motivo, faz com que, pelo menos, eu aproveite os bons momentos em que não estou me sentindo gorda, rejeitada e inferior. É fútil. É um comportamento feminino imbecil. É assumir uma fraqueza besta.

Sim. Mais uma prova de que está tudo certo e nada resolvido. :)

6 comentários:

Clotilde Zingali disse...

é isso aí, Juliana! não há o que façamos... estaremos sempre de frente pro espelho... e pras faltas todas que nos habitam... gostei :) um beijo, Clô

Juliana Menz disse...

Espelhos, né, Clô? Ninguém escapa deles. Quando não são os objetos, são as pessoas que nos rodeiam. Todas nossos espelhos. :)
Beijos

Um brasileiro disse...

oi. tudo blz? estive por aqui. gostei. uma coisa: nós nunca ficamos velhos e sim ficamos mais experientes. apareça por lá. abraços.

Juliana Menz disse...

É que essa aí não convence muito as mulheres...
;) Que bom que gostou

Anônimo disse...

Que engraçado, nem sei como cai aqui. O nome não me era estranho....o rosto também... será que é aquela menina da Famecos?
Li seu blog e percebi que era a mesma Juliana. A que escreve bem, a guria que além de bonita é inteligente....E que surpresa saber que ela também tem incertezas sobre a vida, sobre o corpo, sobre a idade. Sempre pareceu segura de si, perfeita. Fico encantada quando percebo que os clichês não se enquadram e que as pessoas surpreendem.

Juliana Menz disse...

Que delícia de comentário anônimo. Fico encantada com a possibilidade de as mulheres se reconhecerem cada vez mais. Os mesmos medos, as mesmas neuras.
Num mundo de pessoas felizes, admitir nossas fraquezas bem que poderia ser tendência. Seria um alívio coletivo. :)