08 maio 2011

Preto Velho

Fui num terreiro de preto velho uma vez.
Faixa branca diria pra mim inutilmente minha amiga mais velha, conhecedora do assunto.
Eu que não acreditava em espiritos; vida após a morte; reencarnação e toda a pieguice a respeito, me via naquela casa, com cadeiras de plástico brancas na sala de espera.
Chegou a minha vez. Entrei e me posicionei na frente de um deles.
O meu preto velho era claro, quase albino. Fez sinais na parede de subida.
Falou de inveja como todos os charlatões do gênero costumam falar.
E me deu um conselho. Sabe aquele conselho que você passa anos esperando dos amigos tão desesperados quanto a gente; dos psicanalistas e terapeutas com sessões caríssimas; dos astrólogos e tarólogos famosos, e nenhum deles tem a capacidade de dar?
Foi esse conselho que ouvi do preto velho em questão.
Ele disse: você tem um problema? Fale com a pessoa envolvida. Assuma. SDê a cara a tapa. E eu garanto que você vai resolvê-lo. Poderia resolver e se chatear, mas você tem a faca e o queijo na mão. Basta usar.

Eu? Falar sobre o que sinto? Eu, me humilhar? Eu, me expor? Eu que herdei de meu pai o calar, o aguentar firme, no osso? Eu que achava que as coisas deveriam se resolver por mim?

Mas no desespero dos dias, foi o que eu fiz.
E eu resolvi.
E continuo descrente de vidas em outro plano.
Continuo cética a esse respeito.
Mas o preto velho me ajudou.

E você aí, desesperado, louco para saber o endereço desse terreiro em Porto Alegre. Eu digo que não sei. Esqueci. Apaguei.
Não voltarei mais lá ou em qualquer outro lugar para que me digam o óbvio.
Só existe uma maneira de se resolver a vida.
Se expondo.

6 comentários:

Geraldo Duarte disse...

Olá menina!

Numa viagem na infomaré aportei no teu blog, adorei o relato do preto Velho.

Não veja como exposição enfrentar o problema, a solução de todas as coisas assim como a criação também está em nossas mãos, não há como fazer um enfrentamento e resolver uma situação se não reconhecemos que ela existe.

Não devemos procurar culpados, pois somos responsáveis por tudo em nossa vida, quando quiser saber quem é responsável por algo, olhe no espelho ou levante o indicador e aponte para si. Ai está a solução de tudo...

Não procure a felicidade nem espere nada em outras pessoas, o que precisa está em ti. Se encontrar alguém para compartilhar e viver cumplicidade já está bom de mais. SER FELIZ é assim questão de decisão.

Vamos juntos, temos uma obrigação diária..SER FELIZ e não esperar pelo outro.

A vida é feita de escolhas e atitudes, sobreviver é para fracos, pequenos e mediocres.

Por isso VIVO...

www.geraldoduarte.blogspot.com

(texto sem revisão para não ser perfeito).

Te amo também...rss

Juliana Menz disse...

Oi, Geraldo

que bom que gostou.
Beijo

Pattiê, disse...

Querida, essa sua veia Clariceana tem me salvado nos últimos tempos. Sempre que entro aqui tenho a grata surpresa de ler exatamente as palavras que preciso ler. Espero, em breve, poder retribuir (porque da mesma forma que é reconfortante ler o que se precisa, é reconfortante dizer algo relevante para alguém). Por enquanto, fico só na espreita e me alimentando das palavras de quem não sabe tudo, mas sempre tem algo a dizer.

=)

Juliana Menz disse...

"veia Clariceana"? Como consegui viver sem esse elogio por tanto tempo. :) Que bom que ajuda. A função do blog é essa. Desabafar para se perceber menos só no mundo. Obrigada, Bruna.

Fernanda de Oliveira Afonso disse...

Oi Ju...

Então, estou nova nessa Blogmania mas, estou adorando colocar pra fora as aferições da alma, day-by-day...
O estranho é escrever para o "nada" mas, o nada já está me bastando...Sem saber se estão lendo ou não, vou escrevendo, expondo e...quem sabe, acreditando.
Adorei o preto velho!!! Bjos

Juliana Menz disse...

Que bom, Fernanda.
É bem difícil se expor mesmo.
Mas, pelo menos pra mim, é a única forma que dá certo.
Escrever pra mim é algo automático. Escrevo mais por desespero, do que querendo ser lida, ou entendida.
Escrevo porque me acalma.
Boa sorte!