Como seria se livrar da culpa?
Prefiro diariamente me sentir culpada a aceitar que, no grande esquema do Universo, não sou só eu quem comanda o show.
Resolvi, portanto, não aceitar mais culpa ou crédito. Devo tudo ao acaso.
Segundo especialistas, em probabilidades, a chance de algo acontecer em certo tempo é astronômica.
Minha presença aqui, agora, é uma fortuna inesperada, uma aposta, um acidente fortuito.
Surpresas à parte, agradeço de verdade a meus amigos. Esses sim são os guardiões da minha identidade.
Quando eles respondem minhas mensagens, ou retornam minhas ligações, provam que minha existência não é pura imaginação.
Sendo assim, nada como saborear a passagem do tempo. É um sofrimento tão doce.
Desfrutar o momento - aproveitar o dia - e depois deixar que ele se vá.
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