30 abril 2008

desassossego outonal de carácter próprio


Vinha, por fim, o outono certo: o ar tornava-se frio de vento; soavam folhas num tom seco, ainda que não fossem folhas secas; toda a terra tomava a cor e a forma impalpável.

Descoloria-se o que fora sorriso úlitimo, num cansaço de pálpebras, numa indiferença de gestos.

E assim tudo quanto sente, ou supomos que sente, apertava, íntima, ao peito a sua própria despedida.

Um som de redemoinho num pátio flutuava através da nossa consciência de outra coisa qualquer.

Como se fizesse bem convalescer para sentir verdadeiramente a vida.

28 abril 2008

retirada de área




Depois de alcançar as cabeças do FLICR, achei melhor retirar essa foto de lá e colocá-la num lugar seguro e sério:)
Porque nossa temporada nas praias catarinenses teve o mais azul dos céus e a mais torrenciais das chuvas.
Porque no fim-de-semana que passou repetimos o feito ainda que sob o sol paulista.
E porque não estamos aqui pra brincadeira, rã!

26 abril 2008

o desassossego do desamparo


Toda a vida da alma humana é um movimento na penumbra.
Vivemos, nun lusco-fusco da consciência, nunca certos com o que somos ou com o que supomos ser.
No melhor de nós vive a vaidade de qualquer coisa, e há um erro cujo ângulo não sabemos.
Todo mundo é confuso, como vozes na noite.

Que é isto, e para que é isto?
Quem sou eu quando sinto?
Que coisa morro quando sou?

Há um grande sono comigo, e desloca-se de uma das sensações para outras como uma sucessão de nuvens.

Sou como alguém que procura ao acaso, não sabendo onde foi oculto o objeto que não lhe disseram o que é.
Jogamos às escondidas com ninguém.

Cada um tem a sua vaidade, e a vaidade de cada um é o seu esquecimento de que há outros com alma igual.
A minha vaidade são algumas páginas, uns trechos, certas dúvidas...

Releio?
Menti!
Não ouso reler.
Não posso reler.
De que me serve reler?
O que está ali é outra.
Já não compreendo nada...

24 abril 2008

run, baby, run!


Nunca é tarde pra dizer eu te amo!

É impressionante o quanto me sinto realizada depois de correr alguns kilometros, ainda que na esteira da academia.
E também é impressionante o esforço que faço para fazer musculação pelo menos uma vez na semana.
Talvez porque corra não para perder calorias ou por estética, mas sim por me sentir poderosa quando acabo.
Quando termina a musculação apenas penso: ok, missão cumprida, estou livre disso por hora.

Acho que vou ser daquelas velhinhas que correm até o final da vida.
Me imagino, magrinha como meu pai, correndo pra sempre em maratonas diversas.
Porque agora foi estabelecido na família: tenho o biotipo de meu pai.
Meu pai também é o tipo maratonista, às vezes só pára quando desmaia. Porém, já colocamos fim nessa folia do velho.

Voltando a falar sobre a genética paterna, agora até ele assume nossa semelhança.
Semana passada estive em Porto Alegre e questionei: "Mas pai, tu sempre me achou parecida com a mãe!"
E ele se jstificava: "Mas tu mudou, mudou muito!"
A verdade é que minha cor, principalmente no verão, entrega que sou filha do Seu Eduardo. E daí, meus caros, não há dúvida.
Acontece que meu pai, depois da idade avançada, se tornou um tanto quanto revelador de seus sentimentos e achismos. Outro dia ele deixou escapar um "eu te amo", isso sem que eu tivesse o incitado.
Então, com aquele jeito tímido, que só os que tem a arte da fala e da escrita conseguem ter, ele confessou: "Na verdade, sempre te achei parecida comigo, mas achava que tu era bonita demais pra se parecer com esse velho pai. E tua mãe sempre foi tão linda..."

Enquanto sorria e aceitava aquela nova revelação do meu pai lembrava de uma outra história sobre um cara fantástico que conheci e que tinha medo que seu filho fosse parecido com ele...bom, mas essa história vou deixar pra próxima porque já cumpri minha malhação do dia.
Ufa!

21 abril 2008

LADO B

Conhece Françoise Hardy?
logo mais abaixo, mais precisamente dia 10 de abril, tem um texto sobre seus feitos musicais.
ADORO-A

19 abril 2008

te liga

O que mexe com a libido das mulheres não é a beleza física é a inteligência.
Tanto que revista de homem nu só vende para gays.

18 abril 2008

texto clichê de aniversário

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.



Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amada,
mas também já fui rejeitada,
fui amada e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
“quebrei a cara muitas vezes”!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo.
Não passo pela vida.
percorro
da melhor forma:)


15 abril 2008

a vida sem edição é estranha, não?


qualidade relativa do ar

Pra meu desespero, hoje foi o dia mais frio do ano aqui no RS.
Ok. Agora só volto pra cá em julho na formatura da minha irmã.
Se tem uma coisa que não suporto aqui é o frio.
Eu realmente não me adapto.
E olha que por enquanto o que tem feito é um frio seco, com sol.
Diferente do frio em que cresci, com chuva e muita umidade.
Umidade pra mim é o fim da várzea.
Umidade no inverno e no verão. Sim. É o que temos por aqui.
Adoro o clima seco de São Paulo.
Acredito que tirando a poluição São Paulo é uma cidade perfeita.
Ok, tirando a poluição e metade dos automóveis.
Quinta eu volto. Vou comemorar meu aniversário.
Por enquanto estou curtindo um inferno astral que, como vocês podem ler, me isenta de qualquer inspiração.

10 abril 2008

Conheci Françoise Hardy assistindo ao filme The Party, dirigido por Blake Edwards com Peter Sellers no papel principal.

Ela tem um jeito triste, mas encantou os franceses ( e o resto do mundo) com seu jeito tímido e doce de cantar.

O filme é do final dos anos 60. Uma comédia interesante. Sim, uma comédia pode ser interessante sem necesariamente ser engraçada.




É interessante porque os móveis da casa são bárbaros, os cabelos e as roupas incríveis e, claro, porque tem Françoise no papel de mocinha.
Gostei muito da voz dela e um amigo gravou 5 cds pra mim! (isso mesmo!)

Então tenho ouvido bastante e confesso que tive a sensação de que trata-se de uma catora que evoluiu com o tempo. Os cds mais recentes dela são os melhores, os primeiros são melancólicos por demais mas, não deixam de serem bons.

"Mode D'emploi?" é minha preferida
Uma das mais pesadas da moça. Que fique claro que Fran Hardy está longe de fazer música pesada.

É bacana lembrar também que os Mutantes gravaram uma música dela no seu primeiro álbum: "Le premier bonheur du jour".
Felizmente, Hardy não parou de cantar, tendo colaborado com o Blur numa versão “afrancesada” de “To The End” (do álbum “Parklife”), chamada “La Comédie”. Seu mais recente álbum, “Clair Obscur”, tem um dueto com Iggy Pop!
A moça é que nem vinho!





08 abril 2008

desassosego outonal


A entrada do verdadeiro outono é anunciada por um frio dentro do não frio do ar, por um esbater-se das cores que ainda não se espalharam, por qualquer coisa de penumbra e de afastamento no que tem sido o tom das paisagens e o aspecto disperso das coisas.




Nada vai ainda morrer, mas tudo, como num sorriso que falta, se vira em saudade para a vida




07 abril 2008

solidão roubada

solidão não tem nada a ver com presença ou ausência de pessoas.

odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia.

06 abril 2008

desassossego feminino!

Três amigas jantam em um restaurante bem freqüêntado da cidade.
Conversam qualquer coisa entre amenidades e loucuras terrenas.
Ao final da janta festejam a possibilidade de estarem bem sozinhas em seus lares, onde esparramadas em sua cama de casal poderão ouvir música, ler, escrever ou assistir um programa na tevê que não exiga grande reflexão.


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A doçura de não ter família nem companhia, esse suave gosto como o do exílio, em que sentimos o gosto do desterro esvaindo em volúpia incerta a vaga inquietação de estar longe - tudo isso eu gozo a meu modo, indiferentemente. Porque um dos detalhes característicos da minha atitude espiritual é que a atenção não deve ser cultivada exageradamente.

01 abril 2008

JUMP


Roberta mandou essa foto da maior diva dos últimos tempos chegando aos 50 anos!
Dá pra encarar?
De repente achei o máximo ter a minha idade!

fidelity

I never loved nobody fully
Always one foot on the ground
And by protecting my heart truly
I got lost
In the sounds
I hear in my mind
All these voices
I hear in my mind
All these words
I hear in my mind
All this music
And it breaks my heart

Suppose I never, ever met you
Suppose we never fell in love
Suppose I never ever let you
Kiss me so sweet

Suppose I never, ever saw you
Suppose we never, ever called
Suppose I kept on singin' love songs
Just to break
My own fall

Break my fall