Minha mãe, como toda mulher, realizou o grande sonho feminino ao ter uma filha.
Ganhou uma barbie para trocar de roupa.
Está certo que, muitas vezes, as roupas de apresentação do balé eram aproveitadas.
Acontece que minha mãe tinha uma máquina de costura.
E, para meu constrangimento, afinal eu mal sei pregar um botão numa camisa, sabia costurar nessa máquina.
E dali saíram muitas das minhas fantasias.
De florzinha, de odalisca, de, veja bem, colhedora de trigo.
Sim, com esta última, minha mãe conseguiu a façanha de me inscrever num concurso de fantasias do Clube Glória Tênis Clube. Foi quando ganhei primeiro lugar na categoria originalidade! Quase uma obviedade.
Meu pai também acompannhava. Mas a "função" mesmo ficava por conta da minha mãe.
E eu me lambuzava na purpurina. Não economizava confete.
Só guardava mesmo a serpentina. Dessas eu ganhava apenas 4 ou 5.
Usava no meio do salão, mas deixava a última para quando minha mãe dizia que estava na hora.
Pois é. Carnaval de salão dos clubes de Porto Alegre.
Era pulando atrás do trenzinho que eu dificilmente pedia para ir embora.
Era cantando: "Olha a cabeleira do Zezé", entre outras marchinhas, que eu esquecia do meu TOC de querer sempre voltar pra casa.
Minha mãe chegava perto de mim e dizia: "Vamos, tá na hora!"
E eu dizia: "Só um pouquinho"
E corria para um canto do salão para jogar minha última serpentina.
Era bonito de se ver.
Era carnaval.
3 comentários:
hahahahahahahahahahahaha
Post mais engracado da historia deste blogue. Ponto.
Porra, Ju, colhedora de trigo?!Rindo sem parar aqui.
Bjs
CACO
"Ganhou uma barbie para trocar de roupa."
Hahahahahha
De um cinismo que eu desconfiaria ser de um escritor se passando por mulher!
É um elogio, tá?!
Ainda bem que tu avisou, né?
Sabe como é,né Igor, vindo de ti...
hehehe
valeu! :)
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