Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. Voltei a ter apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e assusta. Era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.
A idéia que eu fazia de pessoa vinha da minha terceira perna, daquela que me plantava no chão. Mas e agora? Estarei mais livre?
Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema. O que eu era antes não me era bom. Mas era desse não-bom que eu havia organizado o melhor: a esperança. De meu próprio mal eu havia criado um bem futuro. Mas por que não me deixo guiar pelo que for me acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.
Sei que precisarei tomar cuidado para não usar uma nova terceira perna que em mim renasce fácil como capim, e a essa perna protetora chamar de "uma verdade".
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