E eu não me faço de rogada.
Saio na chuva (sem guarda-chuva), mas de bota e lenço e casaco.
Tomo sol, quando este sai e sinto ele quase dourando meu rosto.
Quase.
Um dia de pernas de fora e no outro de gorro e capuz.
"Não há saúde que agüente" me diz a senhora ao escolher pêras.
"No meu tempo havia quatro estações no ano"
Me dá vontade de dizer:
- Esse é o seu tempo, minha senhora. A senhora está viva. Esse é o seu mundo. Não há outro.
Mas não digo.
Já faz um tempo que falo pouco e observo muito.
Se eu tivesse que dizer qual foi o período mais feliz da minha vida, eu diria, sem medo de errar: os últimos doze meses.
Por quê?
Foi quando eu desisti de tentar ser feliz. Desisti de acertar.
Foi quando eu mais dei risada de mim mesma e dos outros, claro.
Estou ainda mais sádica.
Sádica e contente.
Então eu insisto em olhar pela janela e ver a primavera:
Há uma alegria sossegada no ar com metade de frio, e a vida, ao sopro leve da brisa que não há, tirita vagamente do frio que já passou, pela lembrança do frio mais que pelo frio, pela comparação com o verão próximo, mais que pelo tempo que está fazendo.
2 comentários:
Quem lhe disse que eu era
Riso sempre e nunca pranto?
Como se fosse a primavera
Não sou tanto
No entanto, que espiritual
Você me dar uma rosa
De seu rosal principal".
Linda, Ju, sua meia-primavera tem as cores do amor, da dor, do ser e do viver. Daqui posso sentir seu perfume... Orquídea rara.
Com respeito e admiração,
Ju, mais uma vez a sintonia: essa primavera também é minha!
Adorei o post.
Beijo
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