04 maio 2008

Carta a J.

Eu posso imaginar a sua perturbação, a sua solidão.
Você pensava que, se o amor fosse aquilo, se um casal fosse aquilo, seria preferível viver sozinha e nunca se apaixonar.


Você não tinha nenhum lugar que fosse seu no mundo dos adultos.
Estava condenada a ser forte porque todo o seu universo era precário.
Eu sempre senti, ao mesmo tempo, a sua força e a sua fragilidade subjacente.
Eu gostava da sua fragilidade superada, admirava sua força frágil.
Nós éramos, eu e você, filhos da precariedade e do conflito.
Fomos feitos para nos proteger mutuamente contra ambos, e precisávamos criar juntos, um pelo outro, o lugar no mundo que originalmente nos tinha sido negado.

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