20 dezembro 2009

particularidades portoalegrenses

  • é impressionante a maneira que as gaúchas olham umas para as outras por aqui. Principalmente se estão com seus machos a tiracolo. Até aquelas que não dão nem mais selinho no marido são capazes de dar um beijo de cinema em plena fila do caixa no Zaffari. É de morrer de dar risada. Entendo, gurias, falta homem por aqui...
  • todo mundo aqui acha que eu morro de fome em São Paulo. Sempre tem dois tipos de carboidratos, duas carnes e feijão (??). Ah, e claro, três sobremesas. As pessoas saem da mesa comentando as perspectivas para a próxima refeição, o próximo churras, a próxima festa.
  • já combinei tanta coisa com tanta gente que vou ter que ficar por aqui no mínimo dois meses para cumprir agenda (isso que só vou ficar uma semana). É pra descansar e fico mais cansada.

17 dezembro 2009

Borges definindo-me em seus traços


Não acho que tenha escrito tudo.

De algum modo me sinto mais jovem do que quando era realmente jovem.

Não considero mais a felicidade inatingível como antes.

Agora sei que pode acontecer a qualquer momento, mas nunca devemos procurá-la.

Quanto ao fracasso e à fama, parecem-me totalmente irrelevantes.

Agora o que procuro é paz. O prazer do pensamento e da amizade.

E, ainda que pareça demasiado ambicioso, a sensação de amar e ser amado.

intuição felina

Ele é um vira-latas qualquer, desses de rua. Desses conhecidos por toda a vizinhança.
Eu sou uma gata, que apesar de já ter nascido pobre, também sou livre e transcorro muros, caixa d'águas e domicílios.
Ele fareja e pensa que estou próxima.
Eu olho de cima e vejo onde ele está.
Ele percorre a vila livremente.
Eu sou arisca e prefiro observar.
Ele me vê e tenta uma aproximação.
Eu me ouriço e o ponho pra correr.
Eu fujo também.
E me arrependo quando já estou longe.
Ele me esquece entretido com suas firulas mundanas.
Eu me aproximo de novo.
E assim segue nosso balé urbano.
Um mais vira-latas que o outro.

30 novembro 2009

Sexo de luxo?

A mulher tem mais orgasmos se o cara for...

a)...muito alto.

b)...rico ou quase.

c)...mais novo.

E aí? Vai arriscar?

A pesquisa foi feita por Cynthia Gentry, autora de Orgasmos Diários de virar a cabeça. E ela garante que a letra B é a resposta certa:"A preocupação com dinheiro é um dos principais bloqueios que impedem a mulher de relaxar completamente na cama e, portanto, de aproveitar o sexo."
Só repassando e não necessariamente concordando. Eu inocentemente escolhi a letra C.
Tu não?
Como diria Eliana Calligaris, ainda vão ter que estudar muito para entender as mulheres, porque os homens são bem mais fáceis, né?

Vamos lá...

o homem tem mais orgasmos se a mulher for mais...

a) ...alta.
b)...rica.
c)...gostosa.


Longe de parecer machista ou clichê, isso foi só uma brincadeirinha.

Acho que o homem tem mais orgasmos se a mulher for mais segura, ponto final.

09 novembro 2009

EU QUERO VER A RAINHA!!!!

Kate estava com tanta saudade de mim que quando tirei minha blusa, imediatamente ela quis vesti-la.
Isso que é amor de verdade.
ADORO.

08 novembro 2009

intimidade conquistada

Estava lendo uma entrevista com Alejandro Gonzalez Iñarritu, que diriguiu a bela trilogia: Amores Brutos, 21 Gramas e Babel. Nela ele comentava sobre uma cena de Babel em que Susan (Cate Blanchett) depois de ter sido costurada sem anestesia, dormir e acordar com ressaca de tanta dor, diz ao marido Richard (Brad Pitt) que quer fazer xixi. E amparada pelo marido, se alivia numa bacia.

Essa cena do xixi era pra estar também em Amores Brutos, em que igualmente temos um casal em crise como Richard e Susan: a modelo Valéria, depressiva por ter destroçado a perna num acidente, e seu marido Daniel, que tem que cuidar dessa esposa. Como a produtora já estava achando o filme muito longo, cortou na edição final.

Essa cena, aparentemente prosaica, tem uma razão de ser. Extremamente arrependido de não ter brigado por ela em Amores Brutos, Iñarritu fez questão de colocá-la em Babel porque queria mostrar uma intimidade conquistada pelo casal que perdura (ou retorna) mesmo em tempos difíceis.

Já foi dito que essa é uma trilogia sobre a vida. Guillermo Arriaga, roteirista e parceiro de Iñarritu nos três filmes, afirma ser uma trilogia sobre a morte.

A melhor definição para mim é do próprio Iñarrito nessa entrevista: Amores Brutos, 21 Gramas e Babel é uma trilogia sobre a perda.
"Também somos o que perdemos."

04 novembro 2009

hegemonia social democrata

Sim, a hegemonia é imposta.
Porém, ela também nos seduz.

Por isso prego o equílibrio.
Porque eu não vou virar hippie e levantar bandeira contra o consumismo exarcebado.
Tenho muito interesse e investimento em conhecimento para que isso aconteça.
Mas, tenho certeza, o consumo nunca vai me consumir.
O melhor de mim é a minha preguiça de consumo.

28 outubro 2009

A esquizofrenia dos nossos tempos

Goze, goze, goze!
Você tem que gozar o tempo inteiro.
Não, isso não tem nada a ver com o assunto sobre o qual estou escrevendo.
Tem mais a ver com Lacan e a Indústria do desejo.

Por fotos, por vídeos, por depoimentos você precisa gozar.
Precisa mostrar o quanto é moderno e o quanto curte a vida.
O mais difícil é olhar para essas pessoas e ver alguém lá dentro angustiado e sozinho.
Sozinho não no sentido bom da solidão.
Mas no sentido de não ter, realmente, nem sequer um amigo de todos aqueles que sorriem juntos nas fotos.
Sozinho de não ter pra quem ligar, pra quem escrever, a quem buscar.

Queremos as coisas. E temos.
O problema é que não existe o carro de todos os carros. Sempre, e logo, vai ter um carro mais potente.
Não existe o celular de todos os celulares, ou o computador de todos os computadores, sempre vai ter um mais avançado.
E, sim, não existe a bunda de todas as bundas. Sempre vai ter uma bunda mais gostosa.

Percebe a angustia? A minha, a tua, a nossa?
Isso não tem fim.
Não acaba.

Goze, goze, seja feliz no trabalho e com os amigos.
Tenha dinheiro pra sustentar o seu gozo.
Sua casa e sua família feliz.
Goze sua felicidade conjugal e sexual.
Seu carro do ano e seu smartphone.
Goze os prazeres do seu corpo perfeito e do seu sucesso profissional.
Você tem a bunda gostosa do momento, pelo menos por enquanto.
Agora goze o prazer de todo mundo saber disso antes que tudo fique obsoleto.
Sim, a angustia do novo mora ao lado. Então goze rápido!

Goze, goze, goze!
Você tem que gozar o tempo inteiro.

17 outubro 2009

beijinhos e abraços

Eu moro com dois cozinheiros. Tudo aquilo que na cozinha não me apetece como panelas, louça para lavar, sujeira...para eles é diversão.
A Beta nos últimos tempos teve um surto compulsivo e resolveu preparar pratos deliciosos e lindos.
Se eu sonho (e eu sempre sonho) com estrogonofe com arroz e batata palha, basta eu voltar do sol e ali está.
As fotos são uma das provas do que eu tenho passado esses dias.
E ela ainda coloca do lado das minhas frutinhas indefesas.

Entendeu a proposta de Boa Forma?
Ao invés de comer esse pratinho de branquinhos, ou beijinhos, você pode comer 15 maçãs e 19 pêras.
Entendeu?
Pois é.
Agora escolhe.
:)

16 outubro 2009

meia-primavera

E essa é a primavera que eu insisto em chamar de minha desde setembro.
E eu não me faço de rogada.
Saio na chuva (sem guarda-chuva), mas de bota e lenço e casaco.
Tomo sol, quando este sai e sinto ele quase dourando meu rosto.
Quase.
Um dia de pernas de fora e no outro de gorro e capuz.
"Não há saúde que agüente" me diz a senhora ao escolher pêras.
"No meu tempo havia quatro estações no ano"
Me dá vontade de dizer:
- Esse é o seu tempo, minha senhora. A senhora está viva. Esse é o seu mundo. Não há outro.
Mas não digo.
Já faz um tempo que falo pouco e observo muito.


Se eu tivesse que dizer qual foi o período mais feliz da minha vida, eu diria, sem medo de errar: os últimos doze meses.
Por quê?
Foi quando eu desisti de tentar ser feliz. Desisti de acertar.
Foi quando eu mais dei risada de mim mesma e dos outros, claro.
Estou ainda mais sádica.
Sádica e contente.
Então eu insisto em olhar pela janela e ver a primavera:
Há uma alegria sossegada no ar com metade de frio, e a vida, ao sopro leve da brisa que não há, tirita vagamente do frio que já passou, pela lembrança do frio mais que pelo frio, pela comparação com o verão próximo, mais que pelo tempo que está fazendo.

12 outubro 2009

A moda de hoje e o cinema de ontem

Eu fico pensando o que inspira a cabeça dos estilistas que fazem a moda acontecer no mundo.
Não, eu não sou uma pessoa "fashion" ou "tendência" em termos de moda.
Tenho um jeito bem particular de me vestir.
Às vezes gosto de make pesado e um look masculino, como gravata por exemplo.
Outras prefiro make leve salto fino e modelão.
Acho tudo a ver mulher usar gravata. Homem? Legal também, mas prefiro mulher.
Gosto de pegar uma ou outra coisa da moda que tem a ver comigo.
Ombreiras, por exemplo, não uso nem por uma cobertura com piscina de frente pro mar.

Como entendo muito mais de cinema que de moda e tava assistindo um filme de 74, do diretor alemão Fassbinder, percebi o quanto já tinha visto o estilo do filme em ensaios de revista e desfiles.

Martha é uma mulher alta, seca e muuuito branca.
Tanto que, quando tenta arrasar no bronze pro maridão, vira tostex pimentão. Luxo de horror.

Mas o que eu queria falar é desse estilo de make dos anos 70 que está de volta, bem presente no filme.
Pele pálida, nada de sombra ou lápis, muito curvex ou cílios postiços mesmo (tem que ficar com aquela cara da boneca Emília) e batom vermelho bombeiro.

A expressão, claro, é de inconstância e fragilidade.

Abaixo fotos do último desfile da Miu Miu em Nova York (2009) super inspirado no Fassbinder:

Aqui foto do filme "Marta"(1974)
Apesar das sombrancelhas serem finíssimas, eu não ouso arriscar que isso seja tendência.
Acho sombrancelha fina o fim da várzea.

Fora o make, todos, eu disse todos os looks do filme "Martha" são muito atuais.
Ah, o cabelo é uma coisa bem passarela, ou seja, nem em casamento o povo arrisca.
E tem mais, mulher ousada costuma ter cabelo curto, não fica horripilando no penteado.

Dá uma olhada no vestido da Martha nessa cena do filme. Super usável:


Nesse aqui pantalona no branco total com mangas bufantes e gola em laço. Super usaria. Tirando o batom, né? Tô longe de ser branca. Embora esteja faltando uns dias de praia no meu corpo. E o batom que mais gosto é esse do layout do blog mesmo.

Gosto da dançinha deles.
Filme de arrrrrrte, né amor?
Não é pra entender.

libertando a criança que ainda existe em você


Quase não dá pra ver mais?
Tá muito longe?
Ou é como no meu caso: foto da foto ao invés de scaneamento?
Te liberta dessa sina de ser perfeito, sério e adulto.
Te deixa errar.
Cair e levantar.
Brincar. E rir dessa tua cara anos 80...
beijo em todos amigos que como eu não cresceram e mesmo assim estão cheios das responsabilidades. Sem medo de não errar :b

07 outubro 2009

Para-te-quieto!

Queria dizer tanta coisa que não fui capaz de dizer nada.

A Beta me disse: "...já tá na hora dessa guria ter o que merece"

E eu não consigo fazer nada.

Fico pensando na meditação: "...e quando alguém tentar lhe magoar, ofender, ou lhe deixar tenso, irritado, imediatamente acontecerá algo dentro de você que lhe tornará flexível, tolerante, calmo, utilizando toda sabedoria e tolerância que vem do seu criador..."

OK!
OK!

estou muuito aquém dessa pessoa com traumas de infância, embora eu não incomode ninguém com os meus!

Porém, espero serenamente que ela não cruze meu caminho nos próximos seis anos. Ou eu cometerei coisas inpublicáveis.

Não a vejo por perto. E a grande sorte é dela.
Me mantenho flexível, tolerante, calma e utilizando de todo discernimento...

AMÉM.

29 setembro 2009

Ela me ajuda a arriscar

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.

Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano- já me aconteceu antes.
Pois sei que - em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -essa clareza de realidade
é um risco.
Estou arriscando.

27 setembro 2009

saudades


Tentando andar em linha reta

De todas as coisas difíceis na minha vida, a pior sempre é contar o que aconteceu para minha mãe.
Porque minha mãe é de um dramatismo de deixar o falecido diretor Ingmar Bergman no chinelo.
Mas mãe é assim, né?
Sempre quer designar a filha a não cometer todos os erros que ela própria cometeu. Sempre idealiza a vida sem arranhões, sem quedas, sem ilusões para sua herdeira.

Desculpa, mãe.
Eu não sou perfeita.
E olha que ontem sentei numa mesa de bar com amigos que se diziam a perfeição.
Sabe gente que nunca erra? Nunca trai? Nunca sente inveja ou raiva? Ódio, então...
Afe, Fernando Pessoa...
Era hora de o senhor ainda estar vivo aqui do meu lado.

Eu que já mandei email na hora errada, mensagem enganada e já beijei cara com namorada.
Eu que falo demais quando bebo e, pior!!!! Quando não bebo também.
Eu falo, faço e já fiz merda pra caralho.

Gente, que coisa mais aborrecida pessoas perfeitas.
Gente perfeita não vende.
Gente perfeita não dá ibope.
Gente perfeita é que nem gente moderna, é CHA TA.

O lance é que essas pessoas perfeitas tiveram atritos diversos (como, meu Deus?)
Atritos da internet, atritos das fofocas, atritos por causa de homem (por causa de homem????)
É.
Essa gente que se acha perfeita é admiravelmente incorreta. Ufa.
E é por isso que eu adoro cada uma delas.
Por isso que eu não dispenso a amizade de nenhuma delas.
Porque o Fernando Pessoa já morreu.
E eu não queria me sentir tão sozinha nesse mundo de gente feliz e perfeita.

Com vocês, meu maior ídolo. Ele não era moderno, não era perfeito, só era um belo observador irônico:

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Amém

24 setembro 2009

fetichismo

Só quero flores na janela e uma xícara de chá.
Quero estar na Europa e conseguir enxergar a Ásia.

Só quero isso e mais nada.

20 setembro 2009

repetindo padrões

"as mulheres são gatos", me disse um amigo num almoço inusitado no meio da semana, "nunca sabemos qual será sua próxima atitude".

"Já os homens são como cachorros, tão simples. É só chamar que eles vêm."

...ou não, né?

mas, talvez ele tenha razão.
De verdade.

19 setembro 2009

Ainda o patinho feio

Não quero que ninguém descubra que eu não tenho e nem nunca tive a fantasia da mulher-maravilha.
Não quero que ninguém descubra que eu não sou tão corajosa quanto eu gostaria, e que a maioria das atitudes covardes que tive na vida são das que mais me arrependo.
Não quero que ninguém descubra o quanto eu choro em baixo do chuveiro toda vez que não consigo ser realmente sincera por medo.
Eu continuo acreditando em milagres e duvidando do destino.
Continuo falando com estranhos e não ouvindo os amigos.
Continuo cada vez mais perto de mim e mais longe das ilusões.
As ilusões são temporárias, mas muito mais acolhedoras.
Continuo não querendo possuir coisa alguma até que ache o lugar onde eu e as coisas realmente pertençamos.
Não sei onde fica esse lugar.
Mas sei como ele é.

14 setembro 2009

E se eu me importar

É estranho ficar tanto tempo sem postar.
E mais estranho ainda quando se tem tanto pra falar como nos últimos dias.
Viajar é bom porque de certa forma organiza as idéias.
É difícil organizar dentro quando o que está fora parece o início do caos.


Fazendo terapia já a bastante tempo, tenho consciência de o quanto não me levo mais tão a sério. E muito menos os outros.
E isso só tem me ajudado.
Julgo as pessoas cada vez menos também, embora ainda julgue.
Sim. Não sou perfeita. Ainda bem. :D
As imperfeições que constroem o caráter das pessoas, que as fazem crescer.


Então, cá vivo eu com esse princípio de amadurecimento.
Amadurecimento esse que eu acreditava me deixar mais segura diante de qualquer situação.
Madura o bastante para não precisar dizer, mas apenas pensar: "I don´t care"
E sorrir por dentro. Não um sorriso malicioso ou irônico. :)
Um sorriso interno de quem está de bem consigo mesmo a ponto de não precisar se justificar.


Tive uma prova desse amadurecimento esse ano, quando recebi um monte de emails anônimos de um ex.

E quanto mais baixarias eu lia, mais aumentavam os meus risos internos do tipo: "que bom, eu cresci", "I really don´t care"


Então, passado isso, super orgulhosa, pensei que não seria qualquer ventania forte que me derrubaria.
Que venham outros furacões!
E eles vieram. Das amizades.
Agora aguênta, Juliana. :)

20 agosto 2009

Gaudiando

O melhor do Gaudí não é o todo.
Porque o todo é demasia.
O todo ultrapassa até os limites do bom gosto.
O todo do Gaudí é excesso. É muito.

Os detalhes é o que de melhor os arquitetos, decoradores e leigos como eu podem tirar da obra de Gaudí em Barcelona.
Por isso aqui o teto.
O teto foi o que vi de melhor na visita da foto.
Principalmente, porque era o único lugar, naquele momento, não apinhado de turistas.

12 agosto 2009

09 agosto 2009

SP Cultural

TARA McPHERSON is the girl.

Ontem foi a abertura da exposição que Tara faz na Choque Cultural até 29 de agosto.

Imperdível.

A Choque fica na João Moura, 997, no bairro Pinheiros.
Abre de terça a sábado, das 12h às 19h.

Dá uma olhada no que vai ter por lá: http://www.choquecultural.com.br/?area=bio&aid=41

Mas não deixa de conferir. Ao vivo costuma ser mais estimulante.

Bárbara Eugênia no Studio SP

16 julho 2009

PISCO sour

No último feriado fiquei em São Paulo. Na verdade dia 9 de julho trata-se de um feriado paulista, ou será paulistano?
Bom, não importa. No resto do Brasil eu sei que não rola.

E só Deus sabe o quanto eu AMO São Paulo nos feriados.

Até os barzinhos da Vila ficam legais.

E os lugares que já são bons, ficam muuuito mais bacanas.

Fui no cinema. Fui no Paris 6 24h.

Tudo na maior tranquilidade (imaginem a minha dificuldade em deixar de usar trema)

E fui também no Balcão, um bar que aprecio muito e que sempre me deixa tensa por estar lotado. E dessa vez...não tava.

E qual não foi minha surpresa ao consultar o cardápio de bebidas (AMO cardápio de drinks)?

Pisco Sour estava lá.

O Pisco é uma bebida que conheci em Valle Nevado, no Chile, e que simplesmente não conseguia parar de beber.

Nunca achei no mercado daqui para comprar e já tinha até desistido de bebê-lo novamente antes de voltar ao Chile.

Pedi. E para meu deleite era tão delicioso quanto o chileno.

Pedi outro.

Que minha próxima viagem seja ao Chile para que eu traga algumas garrafitas.

Quer a receita?

Ingredientes:
2 dose(s) de pisco
3 dose(s) de suco de limão
1 colher(es) (chá) de açúcar
1/4 unidade(s) de clara de ovo
gelo

Coloque todos os ingredientes na coqueteleira e bata com gelo, com pouca velocidade.
Ao servir o copo deve ter 1/4 de espuma.

Delicie-se e depois me conta.

08 julho 2009

de volta da esbórnia

Meu amigo, que fala quatro línguas fluentes e escreve bem pra caramba me disse: "estou com saudade dos teus posts"

E eu?
Eu também, óbvio.
E o meu blog nunca sai da minha cabeça.
Ferla disse: de que valem os blogs na era twitter/facebook?

Alguém respondeu: o blog é o vinil!

Ou seja, o clássico, o elaborado.

Engana-se aquele que acha que ter um blog é fácil.

apenas um canal para escrever um monte de merda.

Nada. Eu penso no meu blog todo dia. Toda hora. E muitas vezes venho até aqui, escrevo e apago.

Não é certo ter um blog e ficar mais de um mês sem postar. Isso é coisa de quem só tem um blog por vaidade ou modismo. Nem gosta de escrever. O blog é parte da sua vida e não um acessório.

Tudo isso pra dizer que a esbórnia acabou! De volta aos posts.

25 junho 2009

Existe tempo certo pra se sentir saudades?

Quanto tempo vai demorar para que eu sinta falta?
Chore. Cale.
Quanto tempo?
Existe então um tempo?
Que tempo é esse?
Quem definiu? Onde pesquisou?
Me diz.
Saudades não se inventa, se sente.
Quando se ouve uma música, se sente um cheiro.
Naquele lugar acabei lembrando da mesa daquele restaurante.
Ou foi da toalha. Não lembro.
E foi saudade.

A pior saudade de todas é aquela que dá quando a gente olha no espelho.
Cadê?
Não é saudades de alguém.
É de quem sou quando em sua companhia.

Saudades da gritaria. Do arroz queimado.
Saudades das respostas prontas pros teus delírios.
Saudades de sentar na janela do quarto com uma garrafa na mão e um copo na outra e sussurrar, mentindo: "tô com medo"
Saudade é vazio. É lacuna. É espaço.

Saudades, viu?
Saudade.


13 junho 2009

Sobre o Sexo de Luxo



Segredos de uma garota de programa está no ar pela VH1 desde abril, como já falou Nina Lemos no blog da TPM no mês passado.

Se vai ser um sucesso? Concordo com Nina que vai. Porém, acredito que não pela glamourização das garotas de programa de luxo. Apenas pela curiosidade mundana.

Sex in the City não foi?
Solteironas enlouquecidas dando para meia Nova York...de graça.

Por que a história de uma garota, aparentemente bem resolvida, que gosta tanto de sexo como as quatro e resolve cobrar pelo ato não faria sucessinho?

Longe de querer glamourizar, ou banalizar, apenas acredito que o fato de cobrar não faz de Belle ninguém menor do que Carrie, Charlotte, Samantha ou Miranda. Que por sinal são compradoras compulsivas de futilidades onerosas.

É apenas sexo, e muito.

E todo mundo sabe que o que dá ibope na TV, paga ou aberta, é apelação sexual.

Assistam e tirem suas próprias conclusões:
Segunda
23h
na VH1
;)

12 junho 2009

Eu te amo


por todas as tuas falas.
por totas as tuas faltas.
por todas as vezes que eu quero ir embora e você quer ficar.
Te amo por todos os quadros da parede.
Por tudo que você não é.
Te amo por tua cara fechada.
Por fingir gostar do que não gosta pra me agradar.
pelas vezes que pediu desculpa.
pelas vezes que perdeu a calma.
por não ser exatamente aquilo que sonhei.
Eu te amo porque tu não quis me ver no dia seguinte.
E porque não precisa de mim o tempo todo.
te amo por aprender a gostar de vinho.
e por nunca esquecer de ascender as velas.
te amo por gostar de gatos, ou simplesmente por aceitar a minha.
eu te amo.
só isso.

09 junho 2009

sobre o não escrever por aqui

No momento estou escrevendo muito e apagando tudo.

Aquela coisa tipo: Não ficou bom.

Estou escrevendo sobre um tema que interessa a muita gente, mesmo que ninguém admita. Escrevendo sobre uma faixa transparente que nos separa da realidade, assim como da verdade.

Estou, como sempre, escrevendo sem pudores.
Não acredito em pudores nem em regras pré-estabelecidas.
Não acredito em relações perfeitas e nem em contos de fadas.
E o mais engraçado é que não endureci.
Foi a partir do momento que desisti dos finais felizes que a vida ficou imensamente mais leve.
Não. Isso não é de agora. Já tem mais de ano.
Por isso, resolvi escrever sobre aquilo que todo mundo quer saber.

Há, sem dúvida, uma imensa preocupação de nossa parte com a sexualidade alheia.
Queremos saber quem está transando, quem não está, quem está transando com quem, mas, principalmente queremos saber, desesperadamente:
“quem é a vadia que está dando para todo mundo?”
;)

30 maio 2009

Já conheço as pessoas certas

http://02neuronio.zip.net/arch2009-05-24_2009-05-30.html

A Beta chegou em casa dizendo que tinha lido um post da Nina Lemos no O2 Neurônio que era a minha cara.
Eu adoro a Nina e ela é do meu mundo.
Explico: corta cabelo no mesmo lugar do que eu, não curte festas de grife, vai ao Studio SP desde quando era aqui na Vila e sabe escrever um bom texto.
Então não preciso fazer um esforço extra.

O lance é que ler esse texto dá um certo alívio.
Muitas vezes tenho a tendência a me achar preconceituosa. Mas, não! Nina me alertou.
É normal minha dificuldade em ter afinidades com pessoas que moram com os pais, ou ainda, que moram no Morumbi, aqui em SP, ou na Barra da Tijuca, no Rio. Simplesmente não se tem assunto.
E Nina me deixou melhor: isso não é preconceito, é afinidade.
Não é que eu não goste de gente rica. Até gosto.
O lance é que prefiro gente rica que faz escolhas mais legais.
Não é que eu não goste de grife ou de festas com "artistas".
Não gosto da "festa" da grife e nem de "artista" ou "celebridade" que não faz arte alguma, ou seja, é considerado artista porque aparece na TV.
Gosto de festinhas pequenas e legais.
Aqui em São Paulo, por exemplo, já tenho o meu roteiro e grupo de amigos sensacionais.
Já falei pro meu namorado: odeio festa a fantasia, da peruca, do rock, ou do que for.
Pode ir sozinho ou com amigos.
Obrigada Beta. Obrigada Nina.
Me sinto melhor depois desse post.

18 maio 2009

a boa filha a casa torna

Depois de três noites e quatro dias, Kate voltou.
Eis que toca meu telefone e eu saio exasperada até o boteco em que "Sérgio" tomava uma Skol e disse:
"Sua gata está lá na minha oficina."
Corremos até lá e eis que adentrando o recinto já ouço um miado estridente.
Ele ascende a luz e kate surge com uma cara do tipo: "Por que tu demorou tanto?"
Toda suja de graxa e com um budum desgraçado, a felina era pura ansiedade ao chegar em casa: ora miava, ora comia, ora fazia cocô na caixinha.
Tipo, era muita saudade de casa naquele corpo.
Depois ela dormiu no meu colo e eu deitei ela do lado do seu leão de pelúcia.
Eita canseira, hein Kate?

17 maio 2009

Enquanto escrevo


Sim. Sou uma pessoa que aprecia o estar sozinha.
Da mesma forma que sinto compaixão por aqueles que mesmo em companhia de alguém ou de muitos vivem na mais profunda solidão.
Eu gosto de gatos e de xícaras grandes de chá ao meu lado enquanto escrevo.

Gosto de pensar que a Kate é como eu. Uma gata sem medo de nada.
Que anda pela cidade a qualquer hora.
Kate não tem "medinho" de São Paulo.
Ela tem passos largos. Tem ousadia em seus saltos.
Gosta do desconhecido porque sabe que só sabemos até onde podemos ir se formos.
Kate não está interessada em tirar um monte de fotos e fingir intimidade com qualquer um que lhe apareça na frente.
Porque ela sabe que intimidade ela tem com quem reconhece de longe.
Kate não quer fingir ter uma vida feliz. Ela está feliz ou não.
E quando acha a vida meio monótona ela resolve mudar e...
vai dar seus saltos por aí.
Se ela não cria raízes?
Sim, as cria.
Raízes não exigem de ninguém que este finque seus pés no mesmo lugar.
Nem as raízes são estáticas, ou seguem seu caminho em linha reta.
Não posso cobrar que Kate aja de maneira correta na vida.
Ou, ainda, que ela faça sempre a coisa certa.
Não. Sou imperfeita demais para exigir uma coisa dessas.
Kate é corajosa. E por pior que sejam as infelicidades que enfrente mundo afora, ela foi, e é uma das criaturas mais fantásticas que conheço.
E apesar de saber de tudo isso. Quero ela de volta a cada minuto.
A cada virada de chave quando chego em casa.
A cada vez que não preciso limpar sua caixa ou colocar comida para ela.
Eu quero ela de volta quando vou dormir e também miando às cinco da manhã, suplicando para entrar no quarto.
Quero ela de volta, aqui comigo, enquanto escrevo.

WANTED




09 maio 2009

La Raison Baroque


O real não se dá como um fato acabado, um sentido, uma forma plena,

um horizonte de objetos: ele é feito de ausências,

tal qual um hieróglifo que pede para ser decifrado.

05 maio 2009

CALIGRAFIA na Choque Cultural



Te levanta dessa cama, desse sofá. Do que for.

Tem arte te chamando.

Sai da frente desse computador! Já faz algum tempo que ele não te traz amor ou felicidade!

Vai dar uma olhada porque tem gente criando, produzindo e acreditando no que faz. E o melhor, fazendo bem feito. Quem sabe tu te inspira?

Não a fazer arte. Isso é para poucos. A fazer qualquer coisa produtiva da vida além de trabalhar para pagar as contas.

A exposição Caligrafia é um tributo da Choque Cultural a todas as letras de todas as línguas impressas, manuscritas, desenhadas, pintadas, esculpidas, fotografadas, clássicas, modernas, contemporâneas, populares, eruditas ou experimentais.

Vai até dia 27 de junho. Porém, vai agora. Se deixar para junho nós sabemos que não irá.

02 maio 2009

dependências tecnológicas

Perdi a bateria do meu celular.
O Rodrigo tá em Juquehy e ficou tentando me ligar 469 vezes.
Ok,eu faria a mesma coisa.
A Beta e o Caco tem um sono semelhante, ou melhor, uma insôna semelhante: dormem pouquíssimo, de forma picada e ainda conseguem ficar muito alegres.
Vouter que me casar com alguém que, como eu, durma muito, 8 a 10horas seguidas, sem interrupções, e só consiga ser feliz dessa forma...
Talvez o Rô. Porém, my love tá na praia, puto da vida, e com razão, porque liga e cai na caixa. Existe coisa mais irritante?
Ok.
Vou levantar.
Embora minha vontade fosse dormir mias umas 3 horas no mínimo.
Comprar outra bateria.
Porém, primeiro vou na academia.
Isso o Rô entende.

30 abril 2009

msn express - sommelier time

ju menz diz:
tô com um vinho chileno e um uruguaio aqui
qual abro?

C. Pont diz:
mas é o q? é bom?
o uruguaio

ju menz diz:
sério????

C. Pont diz:
tomar vinho chileno sozinha nunca bate bem
muito fortes
aliás, essa frase tu pode publicar no blógue

ju menz diz:
o chileno é um casillero del diablo safra 2007

C. Pont diz:
tomar vinho chileno sozinha nunca bate bem

ju menz diz:
pode deixar

C. Pont diz:
por experiência própria
guarda esse chileno, amiga, tu vai precisar dele em alguma outra ocasião

ju menz diz:
o uruguaio é um tannat varietal reserva

C. Pont diz:
ó te mo
adstringente
mais baratinho
não bate tanto

ju menz diz:
pois é
pensei agora....

C. Pont diz:
tu vai ficar com sede e vai beber uma aguinha junto
e vai dormir melhor
a guria sabe tudo

ju menz diz:
já tomei tantos chilenos syrah sólita

C. Pont diz:
chileno tem que ser carmenere ou cabernet

ju menz diz:
feliz! feliz!

C. Pont diz:
syrah só se for um vinho muiiiito caro e bom

ju menz diz:
entendi
ai, que bom te ter de amiga

C. Pont diz:
porque chileno syrah baratinho assim de 12 14 pilas não é bom

ju menz diz:
aprendo tanto ...12 14 pilas só em Porto, baby....estou em Sampa

C. Pont diz:
é sempre assim, né?
argentino, malbec
uruguaio tem que ser tannat

ju menz diz:
OLHA!
tu sabe muito amiga

C. Pont diz:
e os chilenos carmenere (principalmente os mais novos, as novas safras de carmenere chilenos são muito boas)

ju menz diz:
vai te apavorar com minha adega

C. Pont diz:
e cabernet sauvignon
huhuhuhuhuhuh

ju menz diz:
pronto
abri o uruguayo

C. Pont diz:
isso amigaaaaa

ju menz diz:
minha gata tá linda
fica andando só em duas patas pra se exibir

C. Pont diz:
lindaaaaaaaaaaa
kate
aqui são as 4
o eduardo e um monte de hormonio feminino ao redor

ju menz diz:
HAHAHA
que ótemo

C. Pont diz:
tÔ com inveja do teu vino
a gente começou a tomar ceva
mas que queri memso um vino
agora não vou misturar
a adega tá linda tbm
e a gente fez a adega num móvel antigo da minha avó
com uma portinha de vidro
ficou lindooooo
adoro ir ali e escolher o vino da noite

ju menz diz:
ai, que bom
meu sonho
O sonho.
não tem climatizador?

C. Pont diz:
aí tu já quer demais
mas tá numa parede estratégica

ju menz diz:
HAHAHAHAHAHAH

C. Pont diz:
no meio da casa onde é fresquinho e não bate sol

ju menz diz:
claro

C. Pont diz:
e é longe do fogão

ju menz diz:
já tem o clima ideal
nunca tive tantos vinhos

C. Pont diz:
mas a gente sempre dá uma geladinha no vino antes

ju menz diz:
BOA

C. Pont diz:
esses dias tinha 8 garrafas na adega
não é necessa´rio dizer que não temos mais nenhuma
aiiii vou te dar de presente um troço ótimo que a gente ganhou
são duas rolhas plásticas com um bombeador de ar
pra vedar a garrafa se tu não bebeu o vinho até o fim
e guardar
dá pra guardar vino, champagne e dura uns dias aberto
é um sonho

ju menz diz:
que delícia
(aquelas que sempre toma até o fim...)

C. Pont diz:
aham
pior
eu escrevi e fiquei pensando que a gente usa tri pouco
hahahhahaha
mas já rolou de abrir vinho meio ruim
aí fechar

27 abril 2009

o problema é que o amor não acaba

resposta de Marcelo Rubens Paiva, ou seja, TEXTO DELE!!

O amor acaba? O cara disse.
Numa esquina, num domingo, depois do teatro e do silêncio, na insônia, nas sorveterias, como se lhe faltasse energia.
Ele não volta? Não deixa rastro ou renasce?
Na esquina em que se beijaram uma vez, lá está, na sombra apagada pela luz, na poeira suspensa, na revolta da memória inconformada.
Na solidão, lá vem ele, volta, com lamento, um quase desespero, e penso nos planos perdidos, que vida sem sentido...
Na insônia, o amor cai como uma tonelada de lápide, e se eu tivesse feito diferente, e se eu tivesse sido paciente, e se eu tivesse insistido, suportado, indicado, transformado, reagido, escutado, abraçado?
Na sorveteria, ele volta, o amor, em lembranças.
Porque aquele sabor era o preferido dela, aquela cobertura era a preferida dela, aquela sorveteria era a preferida dela, aquela esquina, aquele bairro, aquele clima, aquela lua, aquele mês, aquela temperatura, aquela raça de cachorro, aquele programa de fim de tarde e aquele horário sem planos...
No elevador, quantas saudades daqueles segundos em silêncio, presos na caixa blindada, vigiados por câmeras camufladas, loucos para se agarrarem, rirem, apertarem todos os botões, tirarem a roupa, escreverem ao lado do Atlasado: “Eu te amo”.
Saudades é amor. Não se tem saudades do que não se amou.
O amor não acaba, porque tenho saudades, me lembro dela, me preocupo com ela, torço por ela, e se sonho com ela, meu dia está feito.
O amor não pode acabar, porque sem ela ou sem a esperança de revê-la, até a chance de tê-la de volta, não vejo a paz.
Ela é uma trégua na minha guerra pessoal contra a minha paixão por ela. Amá-la me faz bem. Mesmo que ela não me ame, amo amá-la. Continuei amando desde o dia em que terminou.
Passei meses amando como se não tivesse acabado.
Ficaria anos amando mesmo se não tivesse voltado. O amor não acaba, muda.
O amor não será, é. O amor está. Foi.
Nas tantas músicas que ouvimos, que dançamos colados, trilhas das noites frias em que você sentava em mim nua, enquanto os meus braços imobilizavam os seus.
Amor. O não-amor é o vazio. O antiamor também é amor.
Eu te amava quando você respirava no meu ouvido. Lembra do meu dedo dentro de você?
Amo-te, amo-te, amo-te.
Instante secreto, sua boca incha, seus olhos apertam, suas unhas me arranham e você diz: Eu te amo!
O amor acabou quando você se foi?
Você sentiu saudades das minhas paredes, das cores das minhas camisas, da umidade da minha boca, do cheirinho do meu travesseiro, da minha torrada com mel, das noites pelados assistindo à tevê, dos vinhos entornados no lençol, do café da manhã com jornal, você sentiu falta de atravessar a avenida comigo de mãos dadas, de correr da chuva, de eu te indicar um livro, do cinema gelado em que vimos o filme sem fim, torcendo para acabar logo e ficarmos a sós, você sentiu falta da minha risada, inconveniência, de eu ser seu amante, noivo, amigo e marido, dos meus olhos te espiando, dos meus dentes mordendo e mastigando, ficou tanto tempo longe e pensou em nós especialmente bêbada ou louca, queria me ligar, me escrever, meu cheiro aparecia de repente, meu vulto estava sempre ali, acaba?
Diz que acaba. Como acaba? Não acaba.
Diz, não acaba.
Repete.
Falei? Não acaba.
Pode virar amor não-correspondido. Pode ser amor com ódio, paixão com amor.
Tem o amor e o nada. Ah, mais uma coisa. Antes que eu me esqueça. O amor não acaba.
Vira.
Se acabar, não era amor.

23 abril 2009

cheguei no ponto no mesmo horário
talvez um pouco mais cedo
estava incompreensivelmente vazio
havia apenas um neguinho
olhei para ele que, percebendo a invasão retornou o olhar
como quem diz: "qual é dona?"
devia ter uns dez anos e ouvia música em seu mp3
fechou os olhos lentamente e voltou a olhar para o infinito
de onde viria o ônibus
"neguinho metido", pensei
o ônibus chega
ele se dirige para porta e para minha surpresa espera eu entrar
entro, pago e tenho quase certeza que por seu tamanho ele passara por baixo da catraca
ele, com tamanho estilo, paga com seu bilhete único
eu sorrio e penso:
"esse neguinho vai ser alguém na vida"
Não sei se jogador de futebol, vocalista de banda de pagode ou presidente dos Estados Unidos.
Mas, esse neguinho vai ser alguém na vida.

eu não te amo mais

andando pela tarde pude perceber que não mudaria muita coisa em minha vida te ter ou não
foi com um soluço que notei tal sentimento
mas o soluço não era de choro
não havia tristeza em meu olhar
não havia mágoa ou ressentimento
...
e até queria ficar aqui na praia mais um instante a apreciar o tédio das ondas infinitas
meu olhar está límpido
só quero pegar meu casaco
não preciso pegar tudo
não preciso pegar nada

talvez te esperar para um abraço
e até dançar Green Eyes, do Coldplay

eu pensei nunca ir embora

o problema é que eu já fui

19 abril 2009

Um Abraço


como encontrar pessoas?

twitter

facebook

o obsoleto orkut

blogs

álbuns


infinitas são as maneiras de procura.

Alguém diz:

-PÔ, nunca mais te vi!

Não viu porque não quis. Porque não procurou. Porque não fez questão.

Ninguém mais está a salvo.

E se estiver é porque foi esquecido.

Seja pelo romantismo do passado, que enviava cartas, adestrava pombos correio e lançava garrafas ao mar, sempre é possível dizer o que ainda não foi dito. O que faltou.


Quando verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha.

Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for.

Porque todos, todos temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada pelos demais.

13 abril 2009

Idéias paternas


Meu pai acordou hoje com ideias David Lynch, ou seja, nada é o que parece.
- Esse chocolate, que "vende uma barbaridade" é tudo falsificado!

- Eu sei pai. O Caco, que mora comigo, fez uma matéria para Veja no ano passado. É tudo gordura vegetal hidrogenada.

- Eles desmancham tudo (!!?) e depois fazem isso. Por isso fica assim.

- Pois é...

Surge um ar de acusação por parte de meu pai:

- E vocês comem!

- Olha, pai, na verdade... - faltaram-me forças - eu como mesmo.


Vai que ele resolve falar da cerveja que bebi ontem à noite. Meu pai anda muito saudável. Não comete unzinho excesso. Acaba faltando cumplicidade comigo, uma pobre mortal.

09 abril 2009

Meu Porto Alegre

Amanhã viajo até ele.
Meu Porto.
Alegre volta.
Embora eu tente sonorizar minha ida para lá de inúmeras formas e com distintos elementos
apena Nei Lisboa é capaz de tanto.
Apenas Nei.
Apenas eu.
Apenas nesse momento.
Diria Telhados de Paris
Ou, quem sabe, Cena Beatnik
E, sempre que vou pro sul ouço, ainda que não queira, Verão em Calcutá.
Mas, quero lembrar do Porto...
Hoje voltei do trabalho ouvindo Pra te Lembrar
Então pensei: dessa vez é essa.

O quê que eu vou fazer pra te esquecer
Sempre que já nem me lembro
Lembras pra mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nem um adeus pode apagar.
O quê que eu vou fazer pra te deixar
Sempre que eu apresso o passo
Passas por mim
E um silêncio teu me pede pra voltar
Ao te ver seguindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nem um adeus pode apagar.
O quê que eu vou fazer pra te lembrar
Como tantos que eu conheço
E esqueço de amar
Em que espelho teu
Sou eu que vou estar
A te ver sorrindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nem um adeus pode apagar.

07 abril 2009

inspiração

o melhor do novo jazz...
o melhor de um dia de chuva...
o melhor de um cálice de vinho...
o melhor para respirar o sopro da noite...